_aspereza_ | exposição coletiva

_aspereza_ | exposição coletiva

A exposição coletiva _aspereza_ tem curadoria de C. L. Salvaro e apresenta obras de Daniel Murgel, Erreerre, Hugo Mendes, Lailana Krinski, Marta Neves, Raquel Nava, e Yiftah Peled.

Lailana Krinski Sem Título, 2019
Grafite
Dimensões variáveis

_aspereza_

longe de buscar uma definição para o quer que seja, essa proposta é um campo aberto para divergir. parto do princípio que trabalhos de arte não tratam de um assunto, não fazem referências a um tema, não respondem a uma demanda. são indícios de si mesmos no mundo, que podem conter um assunto intrínseco, levantando questões que perpassam temas em comum e ainda atender a agendas urgentes, em conexão uns com os outros, com toda a produção de quem os fez e com as coisas que não estão contidas neles mesmos. com habitual falta de tato, começa aqui essa aproximação à força. trabalhos que nunca dialogaram são submetidos a uma conversa áspera, com vozes e tons dissonantes fazem uma composição cacofônica, com graves e agudos desafinados. alguns arranham as superfícies, deixam gravados os percursos que fizeram sua existência, uns gritam até perder a voz, ficam sem saliva e suas vozes roucas continuam reverberando, uns falam apenas em um tom, seco, ácido, às vezes repetitivo, ou melhor, sem titubear. se a natureza de um trabalho é gerar atrito entre superfícies, causar fricção, ou até uma sensação de mal-estar em quem interage, ele atinge um resultado, mas ter um objetivo não é necessariamente uma condição para sua existência. para além das sensações físicas, que não podem ser desprezadas nesse contexto, atritos também podem surgir do posicionamento crítico. um comportamento áspero pode causar tanto desconforto quanto usar um sabonete com areia. contrapor expectativas também é uma forma de aspereza, não atender ao que se espera, ser incontrolável, indomável. esse modo de ser, de causar sensações adversas pela postura na fala ou na presença física, torna-se uma qualidade rara talvez por ser tão indesejável numa sociedade que tem se demonstrado cada vez mais retrógrada, com fiscalizatórias condutas moralistas e higienistas.

C. L. Salvaro

Raquel Nava #1, da série Azul por Tu/Blue for You, 2018
Fotografia impressa sobre papel metálico (Felix Schoeller Metallic Gloss 290 gr)
111 x 165 cm

Hugo Mendes Sem título, 2018/2019
Adobe, madeira, laca nitrocelulose e verniz poliuretano.
28 x 23 x 14 cm

Lailana Krinski Fixture, 2019
Alumínio
Dimensões variáveis

Raquel Nava “Escombros”, da série “Besta Fera Pop Fauna”, 2016
Objeto escultórico composto por preá taxidermizado e entulho

Daniel Murgel Monumentinho, 2019
Mini alvenaria
50 x 33 x 27 cm

Erreerre Vim Antes de Haver Motivo, 2019
Técnica mista
66 x 96 cm

Erreerre – Reincidente Celeste, 2019
Técnica mista
66 x 96 cm

Hugo Mendes Sem Título (Série bicheira II), 2017/2018
Adobe pigmentado
60 x 28 x 25 cm

Hugo Mendes Sem Título (Série bicheira II), 2017/2018
Adobe pigmentado
81 x 32 x 32 cm

Yiftah Peled Sem titulo, 2015
Instalação
Peças de gesso e buracos na parede

Marta Neves Boa Noite, 2019
Vídeo 8’37”

Fotos: Gilson Camargo