Desenhos, gravuras e maquetes | Exposição individual de Amilcar de Castro

Desenhos, gravuras e maquetes | Exposição individual de Amilcar de Castro

“Ser original não é ser diferente, é reconhecer sua origem.”

Em 1995 procuramos Amilcar de Castro para uma série de entrevistas em seu atelier com o objetivo de conhecer seu processo criativo e seu pensamento artístico, e assim, desenvolver um trabalho que permitisse uma maior aproximação de sua obra. Da intensidade desse encontro, pela relação estabelecida com o artista e pela qualidade do material descoberto nasceu o projeto Panorama da Arte Brasileira Contemporânea, o qual pretende, através de entrevistas, visitas em atelier e observação de estudos artísticos, apontar novos procedimentos de leitura de uma obra plástica. O projeto foi registrado formalmente na Universidade Estadual de Londrina/PR (UEL), e na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), sendo Amilcar de Castro o primeiro artista enfocado.

Partimos do pressuposto que o estudo do processo criativo não proporciona somente uma informação suplementar ao objeto artístico, mas, fornece um saber diferente, paralelo à obra, que por sua vez lança novas luzes sobre a mesma. Com efeito, escreve Paul Valéry que os mecanismos construtivos de uma obra são tão importantes quanto a mesma. Mas, ao invés de nos atermos somente ao testemunho de manuscritos artísticos (estudos, anotações, maquetes), optamos também por ouvir o artista, a partir de indagações e observações sobre os aspectos do seu trabalho para assim chegar à descrição dinâmica de sua feitura artística.

Esta exposição é, portanto, parte deste trabalho. E, sendo esse seu viés determinante, ela adquire um caráter íntimo sem, no entanto, ser intimista. Ela traz para a galeria um pouco da atmosfera do atelier do artista, estudos, anotações, maquetes e desenhos sem deixar de se figurar como mostra. No seu conjunto, busca tratar, no curto espaço de quinze obras uma trajetória construtiva e uma poética artística.

Fernando Augusto e Regina Melim

“Todo desenho é assim. A linha é a essência e o material principal da obra. Toda linha é construtiva.”

“O lápis duro é genial! Quando você erra é obrigado a admitir o erro no conjunto. Não pode eliminar o risco do papel, nem mesmo passar a borracha, porque fica um sulco.”


Estela Sandrini, Amilcar de Castro, Tuca Nissel, Maria Augusta de Araujo Nissel, e Ligia Borba.

De 04 a 28 de junho de 1997.

Fotos: Gilson Camargo