SP-Arte Viewing Room 2021

SP-Arte Viewing Room 2021

A Galeria Ybakatu traz para o SP-Arte Viewing Room deste ano um recorte com obras dos artistas Alex Flemming, Claudio Alvarez, Cristina Ataíde, Glauco Menta, Hugo Mendes, Isaque Pinheiro, Ligia Borba, Sonia Navarro, Tatiana Stropp e Washington Silvera.

A seleção conta com esculturas em diversos materiais e processos, pinturas em diferentes linguagens e materiais, colagens a partir de costura e xilogravura.

Entre as obras que selecionamos temos o recente Objetos Oceânicos em cerâmica, de Ligia Borba; as esculturas Na Palma da Mão em alumínio fundido, de Cristina Ataíde; as esculturas Transiente e Paisagem Onírica em aço inox e acrílico, de Claudio Alvarez; Washington Silvera apresenta uma obra inédita da sua série Objetos Acústicos, conhecida do artista e apresentada na SP-Arte desde 2014, e seu grande martelo em madeira; Hugo Mendes apresenta duas obras exclusivas, uma em madeira e outra em adobe e resina. Também neste time temos Isaque Pinheiro com a série de matrizes AcorDo Rei, em madeira, que juntas formam uma carta de baralho, e a xilogravura DobraRei, resultado da impressão das matrizes.

Também apresentamos as pinturas a óleo sobre alumínio de Tatiana Stropp, pinturas do Projeto Caos de Alex Flemming, que misturam fotografia e pintura, e Glauco Menta com pinturas em acrílica sobre tela. Sonia Navarro participa com suas colagens/costuras de courvin.

De 09 a 13 de junho de 2021 em https://www.sp-arte.com/

A série Caos, de Alex Flemming, é conceitualmente um resgate do ‘Retrato’ dentro da História da Arte, de uma maneira inovadora e inusitada. O artista plástico pinta um fundo preto-e-prata simbólico do ‘Caos’ que nos rodeia e, acima desse fundo, flutuam os seus retratados. Estes, revela Flemming, não tem pele e refletem esse ‘Caos’ de onde viemos e para onde um dia iremos”. Trata-se na verdade de um ‘antirretrato’, a fixação de um momento de trânsito entre a vida e a morte.

Alex Flemming – Sem Título, 2014
Acrílica sobre tela
90 x 120 cm

Alex Flemming – Sem Título, 2015
Acrílica sobre tela
100 x 115 cm

As questões espaciais e temporais presentes nesta obra de Claudio Alvarez, bem como a mudança de estado impermanente, se apresentam através do movimento pendular da haste, sutilmente apoiada na estrutura, criando através de seu balanço uma série de repetições da cor refletida, que hora se contrai e hora se expande. O movimento gerado pelo impulso inicial permanece por algum tempo ou é provocado por correntes de ar que, aproveitando-se de sua leveza, brincam com o balanço pendular daquele objeto. Algo nos faz manter os olhos fixos no objeto, e enquanto ele se move o tempo parece suspenso.

Claudio Alvarez – Transiente, 2021
Aço inox e acrílico
85 x 26 x 21cm
Ed. 3/5

Claudio Alvarez – Paisagem Onírica, 2018
Aço inox, acrílico e espelho
79 x 45 x 17 cm
Ed. 3

Em 2012, partindo de Curitiba, Cristina Ataíde percorreu uma parte da Serra do Mar e sua densa Mata Atlântica. Da difícil subida, da paisagem inebriante, da energia envolvente, forte e revigorante, e de outras viagens feitas pelo mundo nasceram as obras da série “Na Palma da Mão”.

Cristina Ataíde – Na palma da mão #2, 2016
Alumínio
13 x 20 x 32 cm
Edição de 3

Cristina Ataíde – Na palma da mão #3, 2016
Alumínio
8 x 19 x 30 cm
Edição de 3

As pinturas de Glauco Menta nos remetem a organismos unicelulares com formas ameboides, mas também nos trazem uma lembrança da arquitetura modernista de Niemeyer, que gostava de trabalhar com formas arredondadas e as curvas da natureza. Glauco utiliza uma técnica em que a tinta acrílica é diluída e passada camada por camada, sistematicamente, até cobrir cada parte da tela, como se fosse uma pintura industrial, pois não se percebe o registro da pincelada.

Glauco Menta – Sem Título, 2021
Acrílica sobre tela
100 x 160 cm

Glauco Menta – Sem Título, 2021
Acrílica sobre tela
120 x 80 cm

Escultura, pintura e desenho são os principais instrumentos que Hugo Mendes utiliza para abordar questões diversificadas no campo poético. Sua produção, antes de se preocupar com a superfície, está focada nas imbricações de significados e ambivalência, procurando na combinação de elementos díspares, observações sobre o imaginário artístico, as formas orgânicas da natureza e dos corpos.

Hugo Mendes – Sem título, 2016/2021
Madeira (Pau-ferro e pinho), laca nitrocelulose, verniz poliuretano, tinta a óleo e cera.
75 X 45 X 25 cm

Hugo Mendes – Sem título, 2018/2019
Adobe, madeira, laca nitrocelulose e verniz poliuretano.
28 x 23 x 14 cm

“Estas obras, matrizes com o título AcorDo Rei, foram as peças centrais e que deram o nome à exposição individual que fiz em 2018 no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em que peguei uma carta de baralho com a figura do governante monarca, o Rei, comecei por desmontá-lo nas suas diversas cores e criei uma obra matriz para cada cor. Com estas matrizes vou então desenvolver um exercício de impressão em papel que deu origem a uma metáfora ao redor da democracia.” Isaque Pinheiro

Isaque Pinheiro – “AcorDo Rei”, 2018
Entalhe em madeira de Cedro
83 x 59 cm (cada)

Isaque Pinheiro – DobraRei, 2018
Xilogravura em papel sobre compensado de madeira e latão
82 x 58 cm

Com o módulo básico de elos, Ligia Borba buscou o máximo de resistência estrutural do corpo cerâmico. Com isso a construção de um jogo mutável possibilita uma ação real do sujeito observador sobre o objeto.

Ligia Borba – Objetos Oceânicos, 2021
Cerâmica queimada em 1220 C°
Dimensões variáveis. Maior extensão: aprox. 220 cm

Sonia Navarro
Courvin e costura
70 x 54 cm

Percorre os mapas da cidade, comparando-os com o plano de um padrão de costura, onde a escultura e a arquitetura têm um sentido de referência e um ponto de viragem fundamental nestes percursos. Considerando os limites como uma fronteira. A ideia de estampa sempre esteve presente como o ponto de partida que une o trabalho de Sonia Navarro, adquirindo mil formas dentro de uma linguagem pictórica que usa a costura como principal elemento de expressão. Esse discurso não é alheio à dialética de gênero e ao uso que fizeram da costura como instrumento formal ao qual vinculam um passado de subjugação doméstica.

Sonia Navarro
Courvin e costura
70 x 54 cm

Cores são sobrepostas em camadas transparentes que se fundem com a cor da camada anterior, construindo imagens através das relações cromáticas. Nessas duas pinturas de Tatiana Stropp, as dobras na chapa de alumínio criam um volume que avança para o espaço. Quando estamos na frente das pinturas, somos convidados a um pequeno deslocamento, ao perceber que a luz reflete na superfície da pintura de maneira diferente. As laterais do verso das pinturas também são pintadas e essa cor aqui, laranja, é percebida como sombra colorida projetada na parede que sutilmente transbordam pelas laterais.

Tatiana Stropp – 24.05, 2021
Óleo sobre alumínio frente e acrílica no verso
115 x 150 cm

Tatiana Stropp – 25.05, 2021
Óleo sobre alumínio frente e acrílica no verso
67 x 100 cm

A obra “Martelão” faz parte da “Série fábulas” do artista Washington Silvera. Nesta série instrumentos de marcenaria são executados com madeira (serrotes, martelos, parafusos…) explorando assim uma metalinguagem. A inversão do material (madeira) nos instrumentos de aço, fazem parte central dessa série, além do artesanal, o humor e a escala exagerada outra característica do artista. Uma curiosidade e que a execução dessa obra levou alguns anos, pois a madeira imbuia na qual é feita é o acúmulo de sobras de obras feitas desde 2013.

Washington Silvera – Martelão, da série Fábulas, 2013-2021
Madeira imbuia e resina
27 x 90 x 37 cm

Washington Silvera – Violão Expandido, da Série Objetos Acústicos, 2021
Madeira, marchetaria e peças de violão
95 x 103 x 12 cm
Ed. 03