Atuando desde 1995 no cenário de artes visuais a Galeria Ybakatu realiza mostras individuais e coletivas e participa de feiras de arte representando artistas de várias nacionalidades.

árvore que dá bons frutos
… é o que significa a palavra ybakatu

Em 1995, Tuca Nissel cursava o último ano do bacharelado em Escultura, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, quando a professora Ligia Borba propôs para cada aluno da turma a realização de uma exposição, como fechamento de curso. A Galeria Ybakatu nasceu dessa primeira experiência, uma exposição de trabalhos de sua proprietária, organizada por ela mesma, como tarefa acadêmica, em uma das salas da casa de sua família.

O entusiasmo com essa primeira mostra foi o estopim para converter o belo imóvel, localizado na Rua Itupava, 414, em uma Galeria de Arte, com a segunda exposição, de Débora Santiago, artista que se formou na mesma turma, sendo realizada em dezembro do mesmo ano.

Foi a partir do círculo de amizades da Tuca que a Galeria foi crescendo, e esse traço, essa ideia de contatos centrados em afeto sempre esteve presente nas suas ações, mesmo com o passar do tempo, com o profissionalismo, com o envolvimento de muitas outras pessoas. Talvez tenha contribuído pra isso o fato de que a Galeria ficava em uma casa, com ares de lar, que nunca teve semblante de cubo branco. Traço que, no entanto, foi guardado mesmo depois da mudança para outro endereço, em 2011, com a demolição do imóvel original.

Frequentar a Ybakatu sempre foi muito prazeroso! Fácil encontrar pessoas na cidade com ótimas recordações das aberturas de exposição nos sábados de manhã, das visitas às mostras, das situações especiais como em 1997, no bate-papo com Amilcar de Castro – inesquecível a situação de estar junto a várias pessoas, em uma das salas da Galeria, sentada no chão, aos pés dele…

Mas seria pouco lembrar apenas o lado mais afetuoso das experiências vividas junto à Galeria. A Ybakatu tornou-se ao longo desses 20 anos um polo de discussões sobre arte, de problematizações estéticas, uma instância cultural relevante, para muito além dos contratos comerciais realizados.

Desde sua inauguração, a Galeria se configurou em um espaço de encontros, local de experiências estéticas – para artistas, críticos, curadores e também para o público, com um sentido de aprendizado coletivo, participativo, compartilhado. Sempre teve espaço para a experimentação – tanto para trabalhos pouco convencionais em se tratando de mercado das artes, como para propostas curatoriais inovadoras.

Nesse sentido foram realizadas na Ybakatu, desde 1995, 94 exposições, além de lançamentos de livros, mostras de vídeo e performances; cabe destacar também que desde 2000, a Galeria também tem uma forte atuação fora de Curitiba, com a participação em 19 feiras de arte, no Brasil e exterior, incluindo 7 ediçoes da ARCO, em Madri.

Outro traço que vale a pena salientar é a continuidade dos trabalhos da Galeria, em um período de tantas mudanças no cenário das artes. Nos últimos 20 anos, quando a Ybakatu atuou de modo ininterrupto, presenciamos em Curitiba as duas últimas edições da Mostra da Gravura, as três únicas edições da Bienal de Fotografia, o advento das Feiras de Arte no Brasil, com 11 edições da SP-Arte e 5 da ArtRio, em paralelo a 9 edições da Bienal de São Paulo, a fundação do Instituto Cultural Inhotim. A abertura e o fechamento de algumas galerias de arte. Uma árvore pode ser plantada por uma pessoa, mas ser cuidada por muitas.

A escolha do nome Ybakatu, além de traduzir o entusiasmo que cerca o início de qualquer projeto, teve um que de generosidade. Uma árvore que dá bons frutos pode fazer bem a muitas pessoas, gerar saciedade, doçura.

Ao dar esse nome à Galeria recém-inaugurada, sua proprietária delineou os principais traços do novo projeto… que essa árvore dure muito e que seus frutos possam continuar a ser cuidados e compartilhados por muita gente!

Simone Landal